Mario Celso Petraglia completou 80 anos, dos quais quase 40 estão intrinsecamente ligados ao Athletico. O Globo Esporte Paraná produziu uma série especial sobre a trajetória desse dirigente, narrando sua jornada junto ao Furacão. O segundo episódio ilustra a transição do Athletico de um “clube de bairro” para um patamar mais elevado com Petraglia na presidência.

— Será que eu ainda preciso provar algo mais na história? Um “clube de bairro”, as pessoas podem não gostar de ouvir, mas um “clube de bairro” que transformamos em uma instituição internacionalmente reconhecida em todo o mundo.

afirmou Mário Celso Petraglia em entrevista à Rádio Transamérica, em 2022

1995: O início da transformação

A história de Petraglia como presidente do Athletico teve início em uma derrota avassaladora, em 16 de abril de 1995: uma goleada no clássico Athletiba da Páscoa. O Coritiba, seu maior rival, venceu o Athletico por 5 a 1.

— No dia seguinte, Petraglia me ligou em casa, pois naquela época eu não tinha celular. “Alô Carneiro, é o Mário”, “Fala Mário”, “Precisamos reverter essa situação, meu filho saiu chorando, eu não gostei”, e assim começou nossa história. Sugeri três nomes para a presidência, mas ele vetou todos. Então eu disse: “Então será você”.

conta Carneiro Neto

— Existem versões mais românticas que afirmam que, já durante o intervalo, ele se emocionou com a torcida athleticana e ali decidiu que era o momento de mudar a diretoria do Athletico.

explica Filipe Andreta, autor do documentário “Senhor da Razão?”

— Não foi fácil. Dinheiro? Não tínhamos. Íamos aos clubes, usávamos amizades, influências, para pedir ajuda a outros presidentes. Com amigos influentes no futebol, conseguíamos formar uma equipe razoável, pelo menos para disputar os campeonatos.

recorda Hussein Zraik, presidente do Athletico na época

Foi necessária outra derrota avassaladora, em 17 de maio de 1995, para que a mudança se efetivasse. Aquele jogo levou o grupo liderado por Mário Celso Petraglia a pressionar pela renúncia de Hussein Zraik.

— Mário veio conversar comigo após o jogo. Eu perguntei: “Então, Mário, qual é a melhor opção?” E ele respondeu: “Sua renúncia”. “Então está bem, vamos lá”. Sempre tive um bom diálogo com ele.

lembra Hussein

— O Athletico, com Mário Celso Petraglia, cresceu. Ele enxerga além do comum. Estamos neste ponto e acredito que ainda crescerá muito mais. Só temos que agradecer muito pelo que ele fez pelo clube até agora – completa.

O trio revolucionário

A revolução no Athletico teve três líderes: Mário Celso Petraglia, Ademir Adur e Enio Fornea, três empresários de sucesso.

— Cada um tinha uma expertise empresarial e definimos como administraríamos. Inclusive, procuramos naquela época o Paraná Clube para tentar uma fusão, porque não tínhamos estádio, elenco, centro de treinamento; era muito difícil.

lembra Ademir Adur

— Esse grupo, liderado por Petraglia em 1995, tomou uma série de decisões cruciais. Fecharam uma sede social em São José dos Pinhais, decidiram que o Athletico seria exclusivamente um clube de futebol, optaram por tornar o Athletico uma marca global comercialmente e começaram a gerir o clube como uma empresa, visando superávit e lucro. Investiram pesadamente em infraestrutura e formação de atletas, o que na época foi revolucionário.

confirma Filipe Andreta

— Era um clube de bairro, não é? Um clube onde empresários saíam do trabalho e, no final da tarde, passavam em uma casinha de tijolo para assinar cheques, conversar com jogadores .

enfatiza Filipe

O terceiro episódio da série sobre os 80 anos de Petraglia relembrará as acusações de corrupção e outras polêmicas que envolvem Petraglia no comando do Athletico. Confira no Globo Esporte Paraná desta quinta-feira.

Mário Celso Petraglia é sinônimo de ambição, entusiasmo, inovação e rebeldia, sendo o símbolo de uma nova era no Athletico, marcada pelas conquistas do Campeonato Brasileiro (2001), da Copa do Brasil (2019) e da Sul-Americana (2018 e 2021).